Perspectiva decolonial da etnomatemática como movimento de resistência
DOI:
10.37001/remat25269062v18id629Palavras-chave:
Etnomatemática, Decolonialidade, Educação MatemáticaResumo
Este artigo se baseia nas seguintes ideias centrais: (a) historicamente, as produções em etnomatemática têm apresentado resultados de pesquisa sobre conhecimentos que podem ser entendidos como matemática; (b) uma das potências da etnomatemática é a de romper com uma visão arraigada de matemática única, idealizada, ahistórica, elitista, eurocêntrica, aproximando-se, portanto, de uma proposta decolonial, ao reconhecer e valorizar os muitos saberes presentes nas práticas sociais; (c) o processo histórico de colonização implicou em conquistas territoriais e na destruição das raízes culturais dos povos colonizados, como forma de eliminar sua historicidade, e (d) A crescente participação de pesquisadores provenientes dos movimentos sociais nesta área pode contribuir para evitar tais contradições. Com base nestas perspectivas, na primeira parte destacamos que a etnomatemática, em sua dimensão política, pode auxiliar nas reflexões a respeito de processos de decolonialidade, assim como no reconhecimento das raízes culturais dos indivíduos. Na segunda parte apresentamos breves metatextos dos artigos que compõem o dossiê “Etnomatemática: perspectiva decolonial e movimentos de resistência”, como forma de apresentar ao leitor as recentes contribuições de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, e estimular o debate sobre o tema.
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