Opção decolonial e modos outros de conhecer na Educação (Matemática)

Autores

DOI:

10.37001/remat25269062v18id599

Palavras-chave:

Etnomatemática, Colonialidade, RelaRelações Epistêmicas de Pode

Resumo

Neste artigo pretendemos trazer à discussão questões para pensar os efeitos de se assumir uma opção decolonial no campo da Educação Matemática, em particular na Etnomatemática. Essa noção tem inspiração na discussão de Walter Mignolo que entende a opção decolonial quando há um caminho de desprendimentos e aberturas no campo do pensamento crítico. Centraremos nosso olhar nos estudos sobre decolonialidade do saber e seus vínculos com a problematização empreendida no campo da Etnomatemática, no que diz respeito à narrativa universalizante da Matemática. Tal movimento de decolonização do pensamento e do saber é possível quando emergem outras formas de se desenhar o que se entende por conhecimento a partir de outras matrizes que não as colocadas pela colonialidade/modernidade. Assim, problematizamos o perigo das imagens naturalizadas sobre a Matemática como efeito da colonialidade do saber.  Esse movimento pretende partir de um desvinculamento epistemológico dos fundamentos dos conceitos ocidentais e da acumulação de conhecimento, para aprender a desaprender.  Concluímos que assumir uma atitude decolonial nos coloca numa posição de crítica contínua a todo processo de colonização epistêmica, para que não sejamos capturados pelas armadilhas da colonialidade/modernidade, armadilhas que mantém um único referencial epistêmico como válido para pensar as matemáticas, no plural.

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Biografia do Autor

Carolina Tamayo, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Brasil). Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil) e integrante do grupo de pesquisa interinstitucional inSURgir da mesma universidade. Integrante dos grupos de pesquisa “Phala: Educação, Linguagem e Práticas Educativas” (FE-UNICAMP) e do grupo “Matemática, Educación y Sociedad” da Universidad de Antioquia (Colômbia). Coordenadora para América do Sul da Red Internacional del Etnomatemática.

Jackeline Rodrigues Mendes, Universidade Estadual de Campinas

Doutora em Lingüística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Brasil). Professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas e líder do grupo de pesquisa “Phala: Educação, Linguagem e Práticas Educativas” da mesma universidade.

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Publicado

03-09-2021

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Como Citar

TAMAYO, Carolina; MENDES, Jackeline Rodrigues. Opção decolonial e modos outros de conhecer na Educação (Matemática). Revista de Educação Matemática, [s. l.], v. 18, n. Edição Especial, p. e021038, 2021. DOI: 10.37001/remat25269062v18id599. Disponível em: http://www.revistasbemsp.com.br/index.php/REMat-SP/article/view/101. Acesso em: 27 abr. 2024.